sábado, 30 de julho de 2011

Ringo Starr em Porto Alegre!

Em novembro, mais precisamente no dia 10, às 21hs, o Gigantinho receberá outro ex-Beatle, o Ringo Starr e sua banda All Starr Band. As características pessoais do músico, ou melhor, sua personalidade caracterizam suas músicas e permeiam seu talento, conquistando multidões de fãs.
Os ingressos começaram a ser vendidos para o público geral no dia 18 de julho. Pista/Arquibancada: R$ 150,00. Cadeira: R$ 200,00 e Pista Premium: R$ 300,00. Os ingressos podem ser comprados pelo site http://www.ticketsforfun.com.br/ ou nas Lojas Multisom.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

                                       
Não use drogas. Invente histórias e viaje para o mundo mágico da imaginação. Essa viagem somente a literatura pode te proporcionar e com garantia de ida e volta.

Ana Paula

sábado, 23 de julho de 2011

Desabafo

Todos os dias paro e penso: nasci no mundo errado. Não aguento mais sair de casa todos os dias e me deparar com tanto sofrimento de pessoas e animais. Para todo lado que olho encontro cachorros abandonados, famintos e doentes. Toda essa dor puxada na base do chicote, se os gaúchos preferirem, pelo estouro do relho mesmo.  Me sinto impotente diante de tanto sofrimento. O meu coração está sangrando. Preciso urgentemente da minha super concha protetora de assuntos mundanos. Desculpem o desabafo, pois a intenção do blog é abordar assuntos relacionados as letras e a arte. Infelizmente, nem tudo são rosas caros leitores.
Ana

domingo, 17 de julho de 2011

Trabalhando a questão da homofobia na Escola


A pesquisa "Juventudes e Sexualidade no Brasil", publicada pela Unesco em 2004, mostra que 39,6% dos meninos não gostariam de ter um colega de classe homossexual. É hora de falar do assunto nas salas de aula.


       A questão da homofobia é um tema que está em alta na atualmente e vem sendo abordado constantemente pela mídia. Por isso, resolvi fazer uma dinâmica com os meus alunos do Ensino Médio na    disciplina de Ensino Religioso, visto que os estudantes sempre sugerem que os professores abordem temas contemporâneos. Sanando assim as dúvidas da garotada em relação a esse tema tão polemico e mal abordado pela mídia, pois a televisão coloca a homossexualidade como uma opção sexual, mas na verdade a homossexualidade é algo que nasce com a pessoa, ou seja, está na essência do ser humano. E não deve ser entendido como uma “modinha” ou algo opcional. Cabe aos professores (as) trabalharem a questão do respeito ao outro, pois a escola segundo dados do Corsa é o lugar onde ocorre o mais casos de homofobia. O professor deve levar em conta a opção religiosa do aluno e a opinião da família sobre a questão, porem sempre ressaltando o respeito e o amor ao próximo.

       Sugiro a seguinte dinâmica que elaborei e deu super certo com os meus alunos de Ensino Médio. Rendeu até palmas no final da atividade. Segue abaixo dez perguntas e respostas sobre o assunto. O professor deve imprimir as perguntas e respostas em um papel mais firme colorido  para dar um destaque e chamar a atenção dos jovens. Em seguida, separe as perguntas das respostas e misture bem antes de entregar para a turma. Assim, uns ficaram com as perguntas e outros com as respostas. O aluno faz a pergunta e o professor dá um espaço para os alunos colocarem para o grande grupo o seu ponto de vista e somente depois desse debate o estudante que tem a resposta faz a leitura para o grande grupo. Tempo estimado para aplicar a atividade: duas aulas.
Segue as questões:
 
1) O que é homofobia?   
"Em uma sociedade como a nossa, qualquer um que saia da norma heterossexual é imediatamente tratado com descaso, desprezo, humilhação e até com violência física. É isso o que chamamos de homofobia", explica Ramires, que tabém é coordenador do Corsa (Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor de defesa dos direitos LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis).

2) Muitas pessoas partem do pressuposto de que a bissexualidade e a homossexualidade são desvios de caráter, uma doença ou ainda algo contagioso. Como a psicologia nos explica cientificamente esses casos?
Muitas pessoas, por exemplo, partem do pressuposto de que a bissexualidade e a homossexualidade são desvios de caráter, uma doença ou ainda algo contagioso. "A psicologia já demonstrou que ninguém sabe explicar cientificamente por que as pessoas são heterossexuais, bissexuais ou homossexuais. Há fatores biológicos, psicológicos e sociais, mas é impossível determinar uma única causa", explica Lula Ramires, mestre em Educação pela USP.

3) Há uma idade certa para falar de sexo e homossexualidade na escola?
Segundo pesquisadores, não existe uma idade ideal. Na infância, assuntos como sexo e orientação sexual precisam ser tratados com muita sutileza, mas sem menosprezar a inteligência dos pequenos. Já na adolescência, quando rapazes e garotas estão experimentando transformações corporais, é um dever da família e da escola abordar esse tipo tema com naturalidade, de forma arejada, plural, indicando todas as possibilidades de escolha sexual sem valorizar nem recriminar nenhuma delas.
4) Como a homossexualidade afeta os alunos?
A homossexualidade é uma das principais causas de bullying nas escolas. Sem ter referências sociais e culturais para debater a respeito da identidade de gênero e da orientação sexual, os jovens acabam referindo-se com ironia e preconceito aos gays dentro e fora da escola. Segundo Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o fato de a homossexualidade já estar na rua, na televisão, mas não na escola ou no livro didático, acaba levando ao bullying.
Pesquisas mostram que a escola tem sido um verdadeiro "inferno" para alunos homossexuais: eles são ignorados ou impedidos de participar de atividades em grupo, seus objetos são furtados, são alvos de piadinhas e xingamentos, ora são agredidos fisicamente das mais variadas formas. "Fica difícil ir bem nos estudos e até ter vontade de ir para a escola numa situação como essas", afirma Lula Ramires, coordenador do Corsa.
 
5) Como tem sido o dia a dia dos alunos homossexuais na escola?
Pesquisas mostram que a escola tem sido um verdadeiro "inferno" para alunos homossexuais: eles são ignorados ou impedidos de participar de atividades em grupo, seus objetos são furtados, são alvos de piadinhas e xingamentos, ora são agredidos fisicamente das mais variadas formas. "Fica difícil ir bem nos estudos e até ter vontade de ir para a escola numa situação como essas", afirma Lula Ramires, coordenador do Corsa.
6) Porque a escola deve combater o preconceito?
A escola não é capaz de combater o preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis sozinha. Mas, segundo o estudo "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil", da Fundação Perseu Abramo, o ambiente escolar é o melhor lugar para por fim à homofobia. Os resultados da pesquisa mostram que, enquanto metade dos brasileiros que nunca frequentou a escola assume comportamentos homofóbicos, apenas um em cada dez brasileiros que cursaram o ensino superior apresenta o mesmo comportamento.

Além disso, a homofobia manifestada na forma de bullying nas escolas faz com que alunos desistam dos estudos. Além de instigar o respeito e tolerância entre os alunos, falar sobre o assunto é uma forma de garantir a permanência e o acesso à Educação - como previsto na lei - a realmente todos os cidadãos. A Secretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Presidência divulgou que, hoje, 10% da população brasileira é gay. "À escola cabe mostrar que essa variabilidade do desejo sexual existe na sociedade como um todo e que é preciso aprender a respeitar isso", diz Lula Ramires, mestre em Educação pela USP e coordenador do Corsa (Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor de defesa dos direitos LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis).

7)  E se eu achar que falar de homossexualidade na escola é inadequado?
Educadores indicam que, quando os pais se sentirem desconfortáveis com a temática estudada em sala, o melhor é comparecer às reuniões pedagógicas, manifestar dúvidas e dialogar com os professores e gestores escolares. "A Educação para a cidadania tem de ser uma tarefa empreendida pela comunidade escolar, envolvendo inclusive a participação dos pais", diz Lula Ramires, do Corsa (Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor de defesa dos direitos LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis).

8)  Como os educadores devem trabalhar o tema na escola?
A abordagem do tema deve ser feita de forma delicada, afinal a homossexualidade ainda é um tabu. "Ttem que se ter cuidado ao falar disso", admite a professora de biologia Mônica Marques Ribeiro, que há dez anos aborda em sala questões relacionadas à sexualidade, sempre aproximando o tema dos direitos e deveres dos cidadãos e do respeito e à diversidade humana. "Debatemos tudo conforme a necessidade da classe, conforme o aluno vai perguntando", conta.

É importante deixar claro que, da mesma forma que existem pessoas que sentem desejo pelo sexo oposto (heterossexuais), existem outras que sentem isso pelo mesmo sexo (homossexuais). Fazer isso é parte do trabalho do professor que decide abordar a temática sexual de forma didática na sala de aula. Além disso, ressaltar que o desejo pelo mesmo sexo não é uma vergonha, crime ou doença é algo que deve ser transmitido não só para os alunos, mas também para os pais.
9) Como a homofobia costuma ser vista?  
A homofobia costuma ser vista como um conjunto de emoções negativas (aversão, desprezo, ódio, desconfiança, desconforto ou medo) em relação a homossexuais ou mais concretamente, a lésbicas, gays, bissexuais, travestis ou transexuais. Na verdade, a homofobia transcede sentimentos individuais: trata-se de preconceito, discriminação e violência contra pessoas cuja orientação sexual (desejo sexual), identidades ou expressões de gênero (identificação dos sujeitos com configurações de masculinidade ou de feminilidade) não se conformam com a heteronormatividade, ou seja, valores, normas e dispositivos por meio dos quais a heterossexualidade é instituída como a única forma legítima e natural de expressão identitária e sexual. Nesse sentido, as praticas sexuais não reprodutivas são vistas como desvio, crime, aberração, doença, perversão, imoralidade ou pecado.
 
10) Como classificar o comportamento homofóbico?  
Algumas pessoas preferem classificar o comportamento homofóbico apenas como o "répúdio da sociedade em relação a pessoas que se auto-excluem" ou desajustamento social por busca do prazer individual" justificando assim a exclusão social das pessoas homossexuais pelo fato de serem diferentes da suposta norma.

 

domingo, 3 de julho de 2011

Versos, sons e ritmos


      O café fumegava no parapeito da sacada. O tempo voava lá fora. Hoje, não queria saber do relógio. Se guiaria de dia pelo sol e de noite pela lua. Sem pressa. Sem hora marcada. Hoje é o dia de observar bem de longe. De preferência sem ser observada.

       Mariana passa minutos, horas, dias a fio assim contemplando. Analisa crianças, jovens, adultos, velhos. Menino e menina. Homem e mulher. Tudo e todos mesmo. Nada escapa do seu olhar investigativo. Passa a maior parte do seu tempo a observar o andar, o olhar, os gestos, as cores, o estilo e as atitudes das pessoas. Gosta, sobretudo, de dar sentido a todas as suas percepções e sensações. Essa é a Mari. Como é chamada carinhosamente pelos mais íntimos.

       Mariana se ajeita na poltrona. Procura uma posição confortável. Em seguida, se inclina e fica a fitar o movimento intenso de carros e pedestres. Indo e vindo. Sempre. Num movimento incessante. Pessoas de gravata, de uniforme, de chinelo, muita gente passando de um lado para o outro. De todas as idades. Uns com um passo mais apressado, outros nem tanto.

       O sinal do semáforo amarelo, vermelho, verde. Atenção, pare, siga. O ritmo não pode parar nunca. Os motoristas seguem os seus destinos. Uns dobram a direita, outros a esquerda. Outros ficam presos no congestionamento e depois somem do alcance de seus olhos. É o caos do trânsito.

       A escola dá o sinal. Será o intervalo ou a saída? Depois de alguns minutos concluí que é a saída. Os estudantes saem dispersos. Aos poucos vão surgindo os grupos em muitos tons. Azul, verde e violeta. Amarelo, laranja e vermelho. Além de um festival de pink, verde-limão e laranja-néon. As cores desta geração. Não da sua. Mari faz um esforço para lembrar as cores de sua época de estudante. Por fim, conclui que suas preferidas sempre foram as cores primarias. As cores puras. Sem misturas.

       Os alunos parecem desorientados, perdidos, confusos com tantas informações relevantes. Sim, todas são importantes. Todas serão cobradas. Delas dependem para decidirem os seus futuros. Implacavelmente. Deste jeito. Sem dó e nem piedade. Que vençam os mais fortes ou talvez os mais esforçados. Tudo é uma questão de vontade. Acho que sim. Pelo menos, com ela foi assim.

       Mudança de perspectiva. Os cheiros se confundem no ar. São compostos de várias substâncias. Vários temperos que se misturam. Cebola, alho, alecrim, manjerona e cheiro verde. E pimenta muita pimenta. De todos os tipos. A vida precisa de pimenta. O poema precisa de pimenta. O conto precisa de pimenta. O romance precisa mais ainda de pimenta. As pessoas precisam de pimenta. Até os pratos precisam desse condimento picante. Em especial, da pimenta-malagueta. Tudo é uma questão de paladar ou de estômago.

       Esse é o momento de relaxar e desestressar. Recarregar as energias para depois continuar seguindo a marcha da banda. Ela não para. Apenas dá tréguas. Aproveitem essas raras ocasiões. Depois de um certo tempo a banda segue pedindo passagem. Contando com a sua participação. Peguem os seus instrumentos e façam muito barulho. Precisamos de flashes. Destaque. Notoriedade. Todos sem exceção. Concordo que uns precisam de mais, enquanto outros de bem menos. Precisam de menos burburinhos e mais paz.

       O sol segue o seu caminho em conformidade com o seu tempo. Desta forma vai cumprindo a sua tarefa diária. Depois de alguns dias de folga. Verdade. O sol, às vezes, também resolve reservar alguns momentos para a introspecção. Fica de longe, escondidinho, nublando os nossos dias. Contribuindo para os dias de melancolia. Tão essenciais. Tão produtivos em termos de poesia. Depois desse retiro, o sol volta a brilhar mais forte e brilhante. Me identifico com o sol.

       O café fumega outra vez. Não no parapeito da sacada de Mariana. O aroma vem escapando fugidio pelo ar. Entra pelas minhas narinas e aos poucos toma todo o meu ser. O café de sempre. O café com leite. O café preto. O café da inspiração dos poetas. O café que une culturas. O café que anuncia o lanche da tarde. O nosso café de cada dia. Da manhã e da tarde. De qualquer horário. Basta sentir vontade.

       Os sinos tocam chamando os fiéis. Mari retorna de sobressalto. Os pensamentos estavam longe. O coração acelera em mil batidas. Estava, realmente, dispersa. O sinos chamam a sua atenção de uma maneira brusca. O sacristão bate o badalo insistentemente. Quer a nossa atenção. Seguem as badaladas cada vez mais fortes. Eis que surgem os primeiros fiéis em busca de algo que foge do alcance de Mari. Tenta se aproximar mais, mas não consegue fazer a leitura dos seus lábios. Nem ler os seus pensamentos. É o mistério da fé. A fé que toca a roda da vida. Que faz o mundo girar. Que contribui para o equilíbrio da mente humana. Cada um com a sua.


       O sol se põe avermelhado no horizonte. É o fechamento do dia e o começo da noite. As primeiras luzes surgem ofuscadas pelo clarão da lua. O movimento retorna com força total e, lentamente, vai diminuindo para dar espaço para um eco vazio. Uma noite sem estrelas. Com um céu infinitamente azul marinho. Frio e repito: vazio. Mariana continua com o mesmo olhar atento e ao mesmo tempo fugaz. O mesmo olhar de raio x. Com a mesma sensibilidade aguçada.

       Luzes vibram em vários pontos da cidade. A menina se esforça, mas não consegue mais identificá-las. O sono tenta confundir sua visão. Fecha os olhos devagar . Tudo o que consegue ver são pontos de luz. Multicoloridos. Parecem uma pintura impressionista. Sim, é esse mesmo o nome do movimento que usou os efeitos da luz e da cor. Ela continua lutando contra o sono. O sol se foi e levou com ele as suas energias. Cansa da luta e se entrega. A escuridão invade-a. Amanhã, a vida começa outra vez com seus versos, sons e ritmos. E Mariana passará de expectadora para o papel de personagem.

Ana Paula Moraes